Acho que é nossa responsabilidade divulgar!
Doping no triathlon
Por Julio Alfaya
Presidente da Federação de Triathlon do Estado do Rio de Janeiro
Presidente da Federação de Triathlon do Estado do Rio de Janeiro
Em outubro do ano passado, o triatleta Raphael Menezes participou de uma prova internacional no México, na cidade de Huatulco.
Na ocasião, ele foi escolhido para exame anti-doping. Ao chegar ao local do exame, o responsável pelo mesmo ofereceu-lhe um frasco para coleta e o atleta questionou que o fato fugia ao procedimento normal em que deveriam ser oferecidos três frascos para que ele escolhesse um deles. O responsável insistiu que a coisa era assim mesmo e sentindo-se pressionado e sem a presença do representante da Confederação Brasileira de Triathlon (que se negou em acompanhá-lo), ele fez a coleta.
Meses depois, saiu o resultado do exame, dando positivo para a substância Clenbuterol. A quantidade encontrada era tão pequena, que apenas um laboratório no mundo, que fica no Canadá, tinha condições de detectá-lo. Essa quantidade, segundo especialistas, era insuficiente para trazer qualquer benefício para o atleta, podendo, até mesmo, prejudicá-lo em sua performance.
Raphael, desde o primeiro momento, declarou-se inocente e, a exemplo do ciclista espanhol Alberto Contador (pego com a mesma substância no Tour de France, e recentemente absolvido), alegou que a contaminação poderia ter sido na ingestão de comida naquele país, pois se lembrava de que havia comido um frango, que mais parecia um "avestruz" nas próprias palavras do atleta.
A Confederação, por sua vez, abandonou-o à própria sorte e, curiosamente, não divulgou este fato, até que o COB confirmasse o aumento no valor do repasse dos recursos da Lei Piva.
Recentemente tomamos conhecimento de um comunicado da agencia alemã de controle anti-doping, alertando os atletas de futebol que participarão do mundial sub-17 no México, quanto ao perigo de ingestão de alimentos contaminados com esta substância.
Ao que tudo indica, tendo em vista o perfil do atleta, totalmente avesso ao uso de substâncias dopantes, trata-se de ingestão involuntária. Mas o agravante é que a Confederação não expediu nenhum alerta quanto à isso, não acompanhou o atleta no exame, e abandonou-o (como já disse) à própria sorte.
Raphael ficou sabendo do resultado no dia de seu casamento. Em seguida perdeu o emprego no SESI, desmotivou-se para continuar treinando, apesar de ter vencido uma das mais tradicionais competições de Triathlon no Brasil, o Troféu Brasil na cidade de Santos/SP e encontra-se em grande depressão psicológica.
O atleta está custeando todas as despesas com advogado para sua defesa que acontecerá na Suíça, com honorários, passagens (dele e do advogado), etc.
Recentemente a CBTri respondeu aos meus questionamentos informando que todo atleta deve ser preocupar com a sua alimentação, e que dispõe de médico para orientação. Niguém sabia da existência deste médico, e até agora, não me forneceram o nome do mesmo nem as formas de contato com ele, pois quero fazer algumas perguntas diretamente a ele.
Concordo que todo atleta deve ser responsável pelo que ingere, mas a omissão da Confederação, tanto em caráter preventivo quanto de acompanhamento do caso, é flagrante e abominável.
Os atletas, assim como os presidentes de federações como eu, são meros figurantes para esta grande peça de teatro chamada esporte no Brasil, onde a preocupação maior é com a bilheteria
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