Meus amores

Meus amores

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Aprendendo e evoluindo

          Lendo o livro “The Triathlete Trainning Bible” de Joe Friel, alguns anos atrás fiquei com duas frases na cabeça;

1)      Pense como uma abelha e corra como um cavalo de corrida.

2)      Nenhum atleta comete erro maior do que treinar sempre na mesma velocidade.

A primeira ele explica dizendo que cientistas da NASA após inúmeros estudos comprovaram que as abelhas são incapazes de voar, por sua falta de aerodinâmica, peso e tamanho das asas. Elas voam porque nunca pararam para pensar se são capazes ou não. Elas simplesmente voam. E cavalos de corrida não questionam treinos, não trocam Off´s por giros leves, eles treinam o que tem que ser feito e correm no limite.

A segunda se explica por uma máxima bastante conhecida; Não espere resultados diferentes fazendo tudo do mesmo jeito.

                Com estas duas frases na cabeça mudei minha forma de encarar os treinos alguns anos atrás.

Passei a ter dias específicos para treinos fortes e a aceitar sofrer mais durante os treinos. E isso se traduz nos resultados que venho obtendo. Claro que não são resultados de altíssimo nível, mas se compararmos que com 25 anos fiz um olímpico para 2h08 e com 38 anos fiz em 2h04, corri uma meia maratona com 27 anos em 1h28 e com 38 em 1h25 não dá para negar que houve uma melhora. E que como vinho, estou melhorando com a idade (rsrsrs).

                No início do ano tracei uma meta de fazer um olímpico abaixo de 2h05, uma meia com ritmo de 4’00’’/km, um Meio Iron abaixo de 4h30 e uma prova de 10km abaixo de 37’54’’.
                O Olímpico já foi, a meia ficou por um segundo (Golden Four em 1:25:31 – 4’01’’/km), o meio espero cumprir em Pirassununga e falta escolher uma prova de 10km...

                Mas queria relatar especificamente a prova de domingo (Golden Four Asics).

                Desde que fiz minha inscrição, traçamos os treinos (eu, Alê Giglioli e Arthur Alvim, meus mestres) com o objetivo de 4’/km.

                Treino bastante na esteira durante a semana o que facilita bem o controle do ritmo e possibilita treinos progressivos bem definidos (o que gosto bastante e me dou bem com esse tipo de treino).
                Toda segunda fazia um fartlek (algo em torno de uma hora), às quartas tiros (também por volta de 60’), sexta um longo (sempre tentando acabar mais forte) e sábados transições, afinal ainda sou um triatleta.

                Cheguei na prova bastante confiante, o percurso e o clima ajudaram bastante na “quebra do recorde”. Vou dividir a prova em alguns trechos para tentar explicar a sensação em cada um.
                Do primeiro ao terceiro km estava tudo bem tranquilo, média de 4’07’’/km um pouco acima do programado, mas sentindo que estava segurando bem o ritmo, até o km 7 o ritmo ficou oscilando entre 4’ – 4’05’’/km, então encontrei alguns amigos (Julio Dotti entre eles) e isso me puxou um pouco passando os kms 7,8 e 9 abaixo de 4’/km, que apesar de forte, me senti muito bem, então acabei me separando do grupo até para não estragar o ritmo deles.
                Passei os 10km em 40’41’’ me sentindo muito bem, dentro do programado e mantendo bem o ritmo sem sustos e cuidando da alimentação (1 gel a cada 5km e meio copo d’água nos postos de hidratação).

(eu e o Julião no km 7, deu até par faer piada com o fotógrafo)


Os km´s passavam bem rápido e fui escolhendo alvos para tentar acelerar. Escolhia um atleta e ia buscar e assim foi passando a prova.
                Depois do km 16 as pernas já começavam a dar sinais de cansaço. Dores na sola do pé, unhas e posterior da coxa esquerda (uma dor que sempre me incomoda em treinos longos, mas não impossibilita nenhum movimento. É apenas um desconforto leve).

                Talvez estes pequenos sinais tenham tirado um pouco minha confiança para acelerar no final e deixei para fazer isso apenas no km 18, fechando os 3 últimos km com média inferior à 3’51’’/km. Ou seja era possível ter acelerado antes e tirado, quem sabe, esse maldito 1 segundo.

Outra coisa que percebi, foi que mesmo programado para acelerar a cada 7km, após os 3 primeiros km´s, entrei num ritmo quase que constante entre 3’59’’ e 4’04’’ que ficou numa zona confortável e talvez aí tenha me distraído e deixado a progressão de lado. Até por falta de experiência.
                Mas fica o aprendizado. Fazia muito tempo que não corria uma meia maratona “limpa”. Ou seja, sem ter nadado 1.900m e pedalado 90km antes e essa falta de experiência acho que pesou. Mas às vezes vale a pena arriscar um pouco mais, aceitar um sofrimento adicional para buscar um resultado diferente. 

                Cruzar a linha de chegada em 148º geral com 1:25:17 foi muito bom. Objetivo, quase, alcançado. Mas muito satisfeito.
               Com 38 anos, casado, com 2 filhos (e uma esposa) maravilhosos, um trabalho que demanda bastante responsabilidade atingir um resultado como este é bastante gratificante.
                Saia do conforto, busque novos estímulos, novas sensações, deixe doer um pouco mais, inclua um dia por semana de reforço muscular, acerte sua nutrição (uns quilinhos à menos fazem toda a diferença) e colha os frutos do esforço!

Abraços e bons treinos!