O preço (e o glamour) do sonho
no último dia 01 de junho
foram abertas e encerradas as inscrições do IRONMAN BRASIL 2013. Pelo que ouvi
(boato ou não é a informação que eu tenho) as inscrições se esgotaram em 18
minutos. Mesmo com muitos atletas reclamando do “alto” valor da inscrição.
O que
eu quero discutir aqui é exatamente a questão do “alto” valor da inscrição.
Eu,
como muitos amigos triatletas, trabalho na área comercial e tenho alguma
experiência na área de marketing, por
isso me sinto à vontade para discutir o assunto formação de preço.
Como se
forma o preço de um produto? Quem forma o preço de um produto?
Na
maioria dos casos (como a empresa em que trabalho) a formação do preço de um
produto é feito de fora para dentro, ou seja, do mercado para a empresa, logo
quem define o preço de um produto é o MERCADO E OS CONSUMIDORES. QUANTO O
MERCADO ESTÁ DISPOSTO A PAGAR PELO SEU PRODUTO?
E o que
é o IRONMAN BRASIL (ou qualquer outra prova de Triathlon)? UM PRODUTO! E o que é a Latin Sports (ou qualquer outra
empresa organizadora de eventos)? UMA EMPRESA COM FINS LUCRATIVOS.
Isto
posto vamos à discussão do “alto” preço da inscrição. Se as inscrições foram
abertas em 01/06/2012 às 11h00min e se esgotaram às 11h18min, o preço pode ser “antipático”
para alguns consumidores, mas mercadologicamente falando está longe de estar
alto.
Pois o
IRONMAN como produto tem um atributo que todos buscam em seus produtos. ELE É
UM OBJETO DE DESEJO, UM SONHO. E SONHO NÃO TEM PREÇO! Quem é casado sabe o que
significa “o casamento” para a sua esposa. E sabe que as empresas se “aproveitam”
desse fator para inflacionar o preço. Tudo dentro do normal e da regra de
mercado.
Alto é
o valor cobrado em provas como o Troféu Brasil, que já foi um circuito
extremamente competitivo e hoje está esvaziado de atletas e patrocinadores,
pois essa lógica de mercado (elasticidade do preço x demanda) é negligenciada pelo
organizador.
Se você coloca um preço que
afasta o consumidor do seu produto e o leva para produtos concorrentes, seu
preço está claramente errado. Ou está fora de mercado (alto) ou é considerado
caro para o produto oferecido. Fechar os olhos para isso é matar lentamente o
produto.
Outra
observação importante, quando fiz meu primeiro Ironman em 2002, as inscrições
não se esgotavam (se não me engano largaram 600 atletas), inclusive era
possível fazer a inscrição na expo! Eu fiz a minha em março daquele ano e
paguei na época US$ 280, o que equivalia a aproximadamente R$750,00.
Nesses
10 anos muita coisa mudou, o triathlon cresceu e o IRONMAN cresceu mais ainda,
o valor da prova dobrou, mas a estrutura oferecida melhorou (e muito).
Acho
que o problema aqui (no Brasil) não é o preço, e sim a falta de opções de
provas. Hoje temos pelo mundo diversas
provas na distância de 140.6 e 70.3 (Great Floridian, Roth Chalenge, REV3
etc...) que são tão bem organizadas como o IM, mas não tem o GLAMOUR de um
IRONMAN e talvez por isso sejam opções mais baratas e menos procuradas por
atletas.
Se
houvesse, no Brasil, alguém disposto a organizar provas nas distâncias 70.3 ou
140.6 sem o “selo” Ironman, será que esgotariam como o IM? Será que com provas
de qualidade com preços mais baixos (por não terem o selo IM) não criariam concorrência
com o IMB e com isso o preço cairia?
Aí se
abre outra discussão; o que os atletas buscam? O objetivo de cumprir a
distância de 70.3 ou 140.6 ou o Glamour de uma prova com o selo IRONMAN? Por que
se as pessoas buscam o glamour do IM, temos que saber que glamour tem preço e
este só pode ser considerado alto, a partir do momento em que ninguém comprar.
Até lá o preço, sob o ponto de vista de marketing e comercial, está correto.
Abs, bons treinos!