Meus amores

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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

"Esporte Olímpico" Brasileiro


A cada quatro anos o brasileiro parece se lembrar de que existem outros esportes além do futebol.  Durante os meses de Julho e Agosto, todos viram admiradores de nadadores, ginastas, atletas, triatletas, decatletas, levantadores de peso e, obviamente, jogadores de Futebol.

O grande problema é que o Brasil não tem cultura esportiva (bom, o Brasil não tem cultura nenhuma, mas isso é tema para outra discussão), no Brasil ou o cara é campeão ou o cara é um lixo! Ou é herói nacional, ou é a vergonha do país!

É justo isso?

Óbvio que não!

O governo brasileiro (o atual ou seus antecessores) NUNCA investiu no esporte! Nunca houve no Brasil um projeto de transformar o país numa potência olímpica. Como se justifica o Brasil, um país com 200.000.000 de habitantes ficar atrás da Argentina (40.000.000 hab), ou de Cuba (11.000.000 hab) no quadro de medalhas?  Será que nesta população toda só existem talentos para o futebol?

Nas potências Olímpicas, Estados Unidos e China, principalmente existem observadores em campeonatos infantis, juvenis de todas as modalidades para pinçar talentos e moldá-los para serem futuros campeões. Segundo uma entrevista que assisti no Sportv com um técnico do programa olímpico americano ele disse que são necessárias 500 crianças selecionadas para cada campeão estadual, 5.000 para um campeão nacional e 100.000 para um campeão olímpico! Não sei se eram estas exatamente as proporções, mas era algo em torno disso.


No Brasil não temos sequer campeonatos infantis, juvenis ou universitários bem organizados! Como podemos selecionar futuros campeões?!?!

O que acontece aqui é que os atletas são descobertos “por acaso” quando já são juvenis, indo para a idade adulta! Ou nem são descobertos, eles aparecem! Caso de Gustavo Kuerten, Cesar Cielo, Gustavo Borges, Maureen Magi, Fabiana Murer, etc...

Esses atletas, depois de anos de dedicação e investimento próprio e de suas famílias são “apadrinhados” pelo COB (que tem uma administração lamentável), na fase que já “não precisam tanto”. Afinal depois de apresentar resultados, eles têm patrocínios, apoios e conseguem manter-se treinando, mesmo sem o apoio do COB, aliás muitos, para se manterem competitivos treinam fora do país.

E quando esses atletas que, apesar da indiferença do país se aposentam o que acontece com eles? Montam projetos próprios para fomentar o esporte, diversificam atividades, mas a maioria deixa o esporte.

Michael Johnson (ex-recordista mundial dos 100m rasos) hoje treina jovens do projeto olímpico norte-americano. Assim como Joaquim Cruz (ouro olímpico nos 800m em Los Angeles 1984). Sim Joaquim Cruz é técnico nos EUA e NÃO NO BRASIL!

O Brasil gasta mais para levar a comitiva do Governo para as olimpíadas que na geração de talentos olímpicos para o país.

Eis que então começam os Jogos Olímpicos e vejo comentaristas e cidadãos usando expressões como “amarelou”, “sentiu a pressão”, “vergonha para o país” etc...

Vergonha de quê? Amarelou para quem?

Façamos uma analogia para que fique claro para quem nunca participou de uma competição esportiva.

Exigir medalha de um atleta brasileiro é o mesmo que exigir que uma criança no ensino fundamental que estudou nas piores escolas públicas, passe no vestibular da FUVEST concorrendo com alunos do ensino médio que estudaram nas melhores escolas do país!

Atletas olímpicos brasileiros são heróis! Eles estão lá apesar do nosso país, apesar do(s) nosso(s) governo(s) e apesar do nosso POVO (que não tem noção do que é uma olimpíada) e merecem nosso respeito e admiração!

O Barão Pierre de Cobertain disse a seguinte frase (conhecida por todos); “O importante não é vencer, é competir com dignidade”.

Será que é digno competir com um uniforme preso por alfinetes? Ou com a bandeira de seu país impressa de ponta cabeça? Ou não ter o mínimo de infraestrutura para a prática de seu esporte?

Parabéns a todos os atletas olímpicos brasileiros! Vocês merecem meu aplauso e minha admiração.

Em quatro anos o povo não poderá dizer que vocês amarelam, ou que vocês envergonham o país. Pois, infelizmente, todos nós sentiremos vergonha do país que nascemos, ao vermos o quanto foi perdido (roubado) de dinheiro para que outros países que sabem achar e moldar talentos, façam a festa em nosso país (se conseguirmos organizar os jogos).
Abs,