Meus amores

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quinta-feira, 2 de maio de 2013

IRONMAN.... AH O IRONMAN...

Escrevi este texto ano passado para o Blog do Grande Ciro Violin. Como é chegada a época do Ironman, reproduzo-o novamente aqui para dar uma força aos amigos!

IRONMAN...AH! O IRONMAN...

Por Betão Nitrini

 
Muitos consideram o Ironman uma prova física. Mas na verdade, na minha opinião, está longe de ser isso. Claro que você precisa se preparar fisicamente, mas a preparação mental é fundamental e muito mais difícil de ser treinada. Para exemplificar esta “teoria” vou usar minhas provas de 2009 e 2010.

No ano de 2009 decidi encarar o iron após 3 anos de ausência (o último havia sido 2006 e antes 2002), pela vontade de fazer um tempo melhor e pela companhia para os treinos. Éramos então, eu, Arthur Alvim, Fabio Barbagli, Fernando Cesário, Bruno D´angelo e Marcos Faria (uma galera que além de ser gente finíssima “anda” forte!).
Tenho por hábito anotar todos os meus treinos em um caderninho, pois me ajuda a comparar velocidades, frequência cardíaca e a evolução nos treinos. E em 2009, entre janeiro e maio, não perdi NENHUM treino de corrida, perdi 6 treinos de natação e 4 de ciclismo (sendo apenas 1 longo).

Fiz todo o planejamento nutricional, mantive o acompanhamento mensal com a nutricionista, fiz fisioterapia, massagem, até musculação (!!!), cheguei em Floripa na quarta feira anterior à prova. Tudo para chegar inteiro na prova, e realmente foi assim que cheguei. Fechei a prova em 10:35 minutos satisfeito com o resultado.

Em 2010 em virtude das mudanças no trabalho, a gravidez da minha esposa e também à redução da empolgação dos amigos citados acima e da minha também. Perdi vários treinos de corrida, vários de ciclismo, aboli a musculação, não fui a nutricionista e cheguei a Floripa sexta à tarde com o intuito de simplesmente fechar a prova. Se o fizesse para menos de 11:00 estaria satisfeito. Como nem tudo é perfeito, na noite anterior quando fui raspar as pernas, meu pé escapou da pia e arranquei um talho de 6 cm de pele da lateral da perna direita (cicatriz que ficou como lembrança desta burrice).

Lá fui eu para a farmácia para comprar gaze, esparadrapo micropore e algo que estancasse o sangramento do maldito corte!
No domingo decidi que iria correr de meia de compressão para segurar o curativo no lugar. Entrei na área de transição e coloquei um kit de curativo para fazer após a natação e após o ciclismo (lá se iam uns bons minutos de transição).
Largada!!! Natação e aquele curativo querendo soltar a água do mar fazendo arder pacas o corte e eu nadando! Etapa cumprida! Troquei o curativo, peguei minhas coisas e saí para pedalar, aí percebo que meu garmin havia ficado ligado na sacola e não tinha mais bateria e eu não tenho cateye na bicicleta! 

 



Conclusão, fiz a prova toda na percepção de esforço, olhava para os outros e pensava: esse cara pedala forte na USP, se eu passar é por que estou bem e assim foram os 180km, quando saí da transição para correr me ofereceram um cronômetro para que eu pudesse ter pelo menos a noção do tempo de prova e do ritmo de corrida, ignorei os pedidos! AGORA VAI DO INÍCIO AO FIM NA PERCEPÇÃO!

E assim foi. Acreditem ou não, sem saber o tempo da prova, a velocidade da bike, o ritmo da corrida ou o tempo da natação, tendo que trocar os curativos e sem a qualidade dos treinos de 2009, fechei a prova com 10:08. 27 minutos abaixo do ano anterior! Provavelmente se não tivesse perdido tanto tempo para torcar os curativos do maldito corte, teria realizado o sonho do sub-10h (Ah!!! As desculpas dos triatletas...)

O que eu quero dizer com isso? Que apesar de estar melhor treinado em 2009, a cabeça fica presa a ritmos, velocidades médias, frequência cardíaca etc... e esquecemos que estamos ali para nadar, correr e pedalar dentro de um esforço máximo que suportamos e não existe forma melhor de controlar seu corpo do que ouví-lo! Fui obrigado pelas circunstâncias à fazê-lo e tive meu melhor desempenho. Fica minha dica para todos que estarão no IMB2012, OUÇAM SEUS CORPOS!!! Acompanhem pelo Garmin, pela FC, pelo cateye, mas não se baseie por isso! Seu corpo pode passar informações menos claras, mais muito mais confiáveis que nossas bugigangas tecnológicas!

Abraços!